(Texto de 2012 com foco introdutório)
 
Amplamente utilizado, o Leg Check norteia a análise de muitas técnicas.

Historicamente é difícil estabelecer uma origem e mesmo a respeito da primeira padronização parece haver controvérsia. Para evitar (ou minimizar) erros, vou deixar essa questão em aberto para outra publicação.

Ao observarmos o procedimento, é fácil compreender o porquê da descrença de algumas pessoas. Muitos quiropraxistas, inclusive, desacreditam do Leg Check.

O Leg Check consiste em verificar se uma perna está “mais curta” que a outra. Dependendo da técnica que faz uso do Leg Check, a avaliação pode ser feita em Prono ou Supino. 

(A hipótese neurológica abaixo diz respeito ao Leg Check em Prono, visto que existem outras hipóteses para a avaliação Supino.)

A “perna curta” é um indicativo de subluxação vertebral, e maiores detalhes também dependem dos procedimentos de cada técnica, mas vamos entender o que é essa “perna curta” e porque ela ocorre, então ficará fácil discutir sua relação com a subluxação vertebral.

Um corpo balanceado, sem interferências na comunicação entre o cérebro e os demais sistemas, e sem disfunções proprioceptivas, em via de regra, apresenta pernas de igual comprimento e contração muscular postural significativamente simétrica.

Quando ocorre um desalinhamento de uma vértebra, ele é seguido de diversas reações, algumas simultâneas, então não se atenham à ordem:

O músculo que se insere nessa vértebra será esticado, isso vai estimular os Fusos Neuromusculares e os Órgãos Tendíneos de Golgi.

A cápsula articular de uma ou mais articulações facetárias (dependendo da listagem) irá apresentar uma pequena folga (Que começa a dar forma ao “nódulo”característico), enquanto que outra(s) cápsula(s) articular(es) aumentarão a tensão em um tipo de esticamento. Essa diferença de tensão será notificada pelos receptores proprioceptivos das cápsulas.

As superfícies facetarias da articulação com espaço reduzido pelo desalinhamento sofrerão aumento de atrito, o que ocasionará micro danos e, por consequência, um processo inflamatório, que é o responsável pelo edema, dor e alteração de temperatura local, que são outros fatores avaliados em algumas técnicas e que também comprometerão as funções proprioceptivas da região.

Todas essa informações serão conduzidas pelo trato espinocerebelar dorsal e ventral, por fibras do tipo A, para o cerebelo. Em seguida para o tálamo, o grande centro de integração, que vai direcionar as informações para a córtex motora e sensitiva.

Paralelo a isso, as informações de dor serão enviados diretamente para o Tálamo através de fibras do tipo C pelo trato espinotalâmico lateral, sendo então direcionadas para a córtex sensitiva primária.

Em resposta, a córtex motora e sensitiva desencadearão uma série de adaptações (mal-adaptações), como o reposicionamento da cabeça e olhos, reorganização da musculatura postural, dentre outros um pouco mais complexos.

Através do trato vestibuloespinal, os núcleos vestibulares coordenarão a resposta dos músculos posturais, e é a contração assimétrica desse grupo de músculos (essencialmente do grupo da pelve e membros inferiores) com base nas informações alteradas decorrentes da subluxação vertebral, que acarretará em uma perna curta.

(RESUMO)
Dessa forma, a razão direta pela qual as pernas apresentam diferença de comprimento, é a contração assimétrica da musculatura postural, principalmente da pelve e membros inferiores, decorrente de uma resposta proprioceptiva ao desalinhamento de uma vértebra.

Podemos observar essas reações fisiológicas em um contexto de causa e efeito clínico, no qual as pernas se igualam tão logo a subluxação vertebral seja corrigida.

(PÓS AJUSTE)
As respostas são rápidas, pois as fibras nervosas que informam o corpo sobre essas posições vertebrais aberrantes são do tipo 1 A, as mais rápidas do corpo humano. No entanto, a dor local costuma persistir mesmo amenizada, pois apesar do atrito entre facetas ter cessado, o sistema linfático precisará de mais tempo para remover os mediadores químicos e  inflamação.

Em breve uma publicação correlacionando a questão neurofisiológica abordada acima, com a prática de algumas técnicas.


Bibliografia

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KANDEL, E. et al. Principles of Neural Science. 5
ª Ed. Mc Graw Hill


GROSTIC John D. Dentate Ligament – Cord Distortion Hypothesis: Chiropractic Research Journal 1988; 1: 1


MINARDI J. The Complete Thompson Textbook-Minardi Integrated Systems.


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(Diversos autores) Advanced Muscle Palpation - Biomechanics Prescribed By Nature


http://neuroscience.uth.tmc.edu/s3/chapter02.html



http://knol.google.com/k/what-is-atlas-orthogonal-chiropractic-technique